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Em 10 anos, crescem todos os tipos de violência contra crianças e adolescentes no Brasil

O Atlas da Violência analisa dados do Ministério da Saúde, no sistema que registra o atendimento de casos violentos. De 2013 a 2023, o número de crianças e...

Em 10 anos, crescem todos os tipos de violência contra crianças e adolescentes no Brasil
Em 10 anos, crescem todos os tipos de violência contra crianças e adolescentes no Brasil (Foto: Reprodução)

O Atlas da Violência analisa dados do Ministério da Saúde, no sistema que registra o atendimento de casos violentos. De 2013 a 2023, o número de crianças e adolescentes vítimas da violência saltou de 35 mil para mais de 115 mil. Em 10 anos, crescem todos os tipos de violência contra crianças e adolescentes no Brasil Reprodução/TV Globo O Atlas da Violência divulgado nesta segunda-feira (12) mostrou o aumento de ataques a crianças e adolescente brasileiros no período de 2013 a 2023. O Atlas da Violência analisa dados do Ministério da Saúde, no sistema que registra o atendimento de casos violentos. De 2013 a 2023, o número de crianças e adolescentes vítimas da violência saltou de 35 mil para mais de 115 mil. Ao longo da vida da criança, o tipo de violência sofrida vai mudando. As mais novas, até 4 anos, são as principais vítimas de abandono e falta de cuidados. Daí até os 14 anos, as ameaças são a violência psicológica e a sexual. Adolescentes até 19 são os maiores alvos da violência física. Ao longo dos 11 anos do levantamento, a base de dados aumentou. Mas mesmo a análise só dos municípios que fornecem informações desde o início revela curvas parecidas, mostrando que o aumento dos casos é real. O estudo indica que a violência das ruas, essa que salta aos olhos todos os dias, está intimamente ligada a uma outra violência bem menos visível. Aquela que é praticada entre quatro paredes, onde crianças e adolescentes deveriam estar mais protegidos. Quase 70% dos casos de violência ocorrem dentro de casa contra crianças de até 4 anos. Mas à medida que elas crescem e têm mais contato com o mundo exterior, o percentual de violência nas residências continua muito alto: quase 66%, de 5 a 14 anos, e quase metade dos casos de 15 a 19. Nas escolas, o percentual também preocupa, especialmente na faixa de 5 a 14 anos, quando chega a quase 6% dos casos. “É extremamente preocupante porque isso vai gerar profundas cicatrizes psicológicas em relação ao crescimento dessa criança que nasce em ambiente hostil. Essa criança que vai chegar na escola não vai ter condições de aprendizado e vai terminar usando a violência para se reafirmar”, afirma Daniel Cerqueira, coordenador do Atlas da Violência. Os números deixam evidente que as paredes não conseguem deter a violência psicológica, um alerta para pais e professores. "A casa é violenta, o diálogo dentro de casa não acontece, a escola também não está sabendo lidar adequadamente com esses casos de violência, especialmente entre pares, e a gente tem internet que amplifica toda essa violência para um público infinito e isso agrava ainda mais as questões de saúde mental dos adolescentes”, explica Ana Claudia Cifali, coordenadora jurídica do Instituto Alana. O coordenador do Atlas da Violência afirma que o investimento na primeira infância é o que mais traz resultados no combate à violência. "A gente tem que entrar firme, a gente, o Estado, a sociedade dentro desses lares, sobretudo lares mais vulneráveis do ponto de vista socioeconômico, com orientação, com educação, com condições para o desenvolvimento da primeira infância sadio. São crianças que não sonham. As crianças que não sonham são as crianças que vão ser arregimentadas facilmente, são presas do crime organizado e desorganizado facilmente”, diz Daniel Cerqueira. LEIA TAMBÉM Veja lista com os estados mais e menos violentos do Brasil segundo o Atlas da Violência Homicídios caíram 1,4% no Brasil em 2023, indica Atlas da Violência